quarta-feira, 21 de agosto de 2019


AMAZONIA: Rios e Pescas

A Viração dos Quelônios
Os Quelônios são animais de casco duro, da ordem de répteis conhecidos como tartarugas, cágados ou jabutis, aquáticas ou terrestres, encontradas em quase todo o mundo, com exceção da Nova Zelândia e do Oeste da América do Sul.

Na época da postura, abrem covas para depositar seus ovos, em quantidade de aproximadamente duzentos, os quais em seguida ficam nos “tabuleiros da praia” de areia fina, seca pelo sol, até a completa eclosão. No verão a tartaruga deixa os lagos interiores e as partes mais baixas dos rios à procura dos empoçamentos que lhe permitam a preparação para a desova.

Quando aproxima-se a época da desova a tartaruga sobe à praia, onde vai se esquentar na areia. À noite, sobe o barranco e escolhe um local para abrir a cova para depositar os seus ovos. Depois de desovar, fecha a cova com a mesma areia que retirara, cobrindo os ovos para protegê-los dos predadores. O interessante é que em seguida essa mãe desce à praia, deixando os ovos que eclodirão nos próximos dias, como que dando por cumprido o seu dever de reprodução da espécie.

A Viração
Não muito distante no tempo, os amazônidas de algumas regiões mais distantes, praticavam a pesca da “viração” que era feita surpreendendo as tartarugas e virando-as de peito para o ar. Essa pesca era praticada no mês de outubro, dependendo da região amazônica, pois os rios da Amazônia não baixam as águas ao mesmo tempo.

Na baixada das águas, formam-se praias de areia no meio dos rios ou à beira das matas, às vezes, de extensões geométricas, com água em profundidade regular, nem raso, nem muito fundo e no meio dos rios localizam-se os chamados baixios. Naquela parte, a de baixo, fica o poço, denominado pelos moradores regionais de “boiadouro”. Era nas proximidades desse poço que ficavam as pessoas que faziam as “virações”.

Ao cair da noite, os captores vinham verificar a praia, para ver se havia sinais de presença de tartarugas ou cágados. Caso afirmativo, várias pessoas reuniam-se para o trabalho da viração. Na certeza da saída das tartarugas, os pescadores se aproximavam silenciosamente, sem candeia nem lanterna, sem usar perfume muito menos fumar qualquer tipo de cigarro.

Contornavam o areial e iam identificando as tartarugas e virando-as, sendo que as mesmas não opunham nenhuma resistência, até porque estavam ocupadas na sua tarefa de depositar os ovos dos seus futuros filhos. Viradas de costas para o solo, os quelônios ficavam imóveis até serem conduzidos para o “curral”, construído à beira do rio.

Esse trabalho nos dias de hoje seria classificado por biopirataria, pois esses “pescadores” ou traficantes de animais silvestres, faziam essa pescaria para vender os animais para comerciantes da região que os repassavam a outros comerciantes de centros comerciais mais distantes. Interessante é que os registros de pesquisas somente referem-se a comercialização dos animais, sendo que os ovos ficavam à mercê do ataque dos predadores naturais como jacarés, aves de rapina e peixes grandes, que além de consumir os ovos também ficavam à espreita para atacar os filhotes que porventura conseguissem sair dos ovos remanescentes.

Quando o “boiadouro”  não dava sinais de haver tartarugas em grande quantidade, o pescador flechava um “capitari” que é o macho da espécie, fazia um buraco na parte traseira do casco, onde amarrava uma linha comprida com um anzol na ponta(arpoeira), e em seguida lançava o animal no “boiadouro”, sendo que a linha ficava com a outra extremidade marrada no galho de uma árvore em terra firme. Essa estratégia atraia as fêmeas que ali estivessem para cercar o macho expondo-as à sanha do pescador que imediatamente caía nágua para captura-las.


Para saber mais...........
Quelônios é uma ordem de répteis caracterizada pela presença de uma carapaça. Em alguns lugares são conhecidos também quelónios ou testudíneos. Esse grupo está representado pelas tartarugas (as marinhas e as de água doce), pelos cágados (de água doce) e pelas tartarugas terrestres, também chamadas jabutis (no Brasil).
Esses animais apresentam placas ósseas dérmicas, que se fundem originando uma carapaça dorsal e um plastrão ventral rígidos, que protegem o corpo. As vértebras e costelas fundem-se a essas estruturas. Os ossos da carapaça são recobertos por escudos córneos de origem epidérmica. Não possuem dentes, mas apresentam lâminas córneas usadas para arrancar pedaços de alimentos. São todos ovíparos.
O grupo tem cerca de 300 espécies, e ocupa habitats diversificados como os oceanosrios ou florestas tropicais. Os quelônios estão na lista dos maiores répteis do mundo.
A ordem subdivide-se nas subordens Pleurodira e Cryptodira, conforme a posição do pescoço quando a cabeça se encontra dentro da carapaça.
Nomenclatura
No Brasil, membros desta ordem podem ser denominados jabutis, cágados ou tartarugas. Os quelônios terrestres (que andam sobre a terra) são jabutis com patas grossas. Os marinhos (água salgada) são tartarugas com nadadeiras em vez de patas; e os de água doce, com pés palmados e carapaça hidrodinâmica, são os cágados.
Em Portugal, o termo cágado é exclusivamente utilizado para designar as duas espécies de tartarugas aquáticas nativas do país - a Emys orbicularis e a Mauremys leprosa, sendo o termo tartaruga utilizado para todas as espécies de quelónios.
Entre as tartarugas domésticas incluem-se as tartarugas da Florida, carnívoras. Estes seres caracterizam-se por uma peculiar mancha vermelha lateral na sua cabeça. Relacionam-se facilmente com humanos e tornaram-se, ao longo dos anos, um dos animais de estimação mais populares. As espécies de tartarugas mais antigas já encontradas datam de 215 milhões de anos.
Distribuição geográfica
Quelônios terrestres estão presentes em quase todo o mundo, exceto em regiões polares, ou alpinas, sendo muito comuns em florestas tropicais. Já as aquáticas, estão em todos os oceanos, exceto nos polares.
Hábitos alimentares
Há inúmeras espécies de tartarugas e há diferenças na dieta conforme a subordem. Muitas tartarugas são herbívoras e algumas são onívoras (ou omnívoras), ou seja, comem de tudo.
Alimento humano
Os ameríndios faziam grande uso das tartarugastracajásjabutis e cágados como alimento. Era e é comum na Amazônia peixes, tartarugas e tracajás ficarem presos em lagos formados com a baixa das águas dos rios. As tartarugas saiam e se dirigiam para o rio mais próximo. Por alguma razão os tracajás nela permaneciam e os índios, para capturá-los, batiam na água com pedaços de pau durante o dia. Os animais esperavam a noite para sair e eram facilmente capturados.
Tartarugas eram facilmente capturadas após a desova por índios da Amazônia que simplesmente as viravam com o casco para baixo e depois as recolhiam e as levavam à aldeia, colocando-as em currais previamente preparados.
Índios amazônicos montavam um palanque dentro da água e lá ficavam observando o movimento das tartarugas. Quando alguma se aproximava, mesmo estando bem no fundo, o índio mergulhava e a dominava com as mãos. Os Otomaco da Venezuela também capturavam tartarugas mergulhando na água.
Os Caibí do Mato Grosso consumiam o tracajá (tartaruga amazônica que chega a pesar 12 kg) e seus ovos. Cozinhavam os ovos, desta forma conservando-os por longo tempo.
Índios de algumas tribos adoravam o jabuti com farofa. Removiam os intestinos do animal através de um buraco na parte ventral, através dele introduziam farinha e colocavam o jabuti inteiro para assar nas brasas.

Fontes:
- Wikipédia, a enciclopédia livre.
- OUTRAS HISTÓRIAS DO AMAZONAS – Contos Lendas e Narrativas -
Antonio Cantanhede



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