AMAZONIA:
Rios e Pescas
A Viração dos Quelônios
Os Quelônios são
animais de casco duro, da ordem de répteis conhecidos como
tartarugas, cágados ou jabutis, aquáticas ou terrestres, encontradas em quase
todo o mundo, com exceção da Nova Zelândia e do Oeste da América do Sul.
Na época da postura, abrem covas para depositar
seus ovos, em quantidade de aproximadamente duzentos, os quais em seguida ficam
nos “tabuleiros da praia” de areia fina, seca pelo sol, até a completa eclosão.
No verão a tartaruga deixa os lagos interiores e as partes mais baixas dos rios
à procura dos empoçamentos que lhe permitam a preparação para a desova.
Quando aproxima-se a época da desova a tartaruga
sobe à praia, onde vai se esquentar na areia. À noite, sobe o barranco e escolhe
um local para abrir a cova para depositar os seus ovos. Depois de desovar,
fecha a cova com a mesma areia que retirara, cobrindo os ovos para protegê-los
dos predadores. O interessante é que em seguida essa mãe desce à praia,
deixando os ovos que eclodirão nos próximos dias, como que dando por cumprido o
seu dever de reprodução da espécie.
A Viração
Não muito distante no tempo, os amazônidas de
algumas regiões mais distantes, praticavam a pesca da “viração” que era feita
surpreendendo as tartarugas e virando-as de peito para o ar. Essa pesca era
praticada no mês de outubro, dependendo da região amazônica, pois os rios da
Amazônia não baixam as águas ao mesmo tempo.
Na baixada das águas, formam-se praias de areia no
meio dos rios ou à beira das matas, às vezes, de extensões geométricas, com água
em profundidade regular, nem raso, nem muito fundo e no meio dos rios
localizam-se os chamados baixios. Naquela parte, a de baixo, fica o poço,
denominado pelos moradores regionais de “boiadouro”. Era nas proximidades desse
poço que ficavam as pessoas que faziam as “virações”.
Ao cair da noite, os captores vinham verificar a
praia, para ver se havia sinais de presença de tartarugas ou cágados. Caso
afirmativo, várias pessoas reuniam-se para o trabalho da viração. Na certeza da
saída das tartarugas, os pescadores se aproximavam silenciosamente, sem candeia
nem lanterna, sem usar perfume muito menos fumar qualquer tipo de cigarro.
Contornavam o areial e iam identificando as
tartarugas e virando-as, sendo que as mesmas não opunham nenhuma resistência,
até porque estavam ocupadas na sua tarefa de depositar os ovos dos seus futuros
filhos. Viradas de costas para o solo, os quelônios ficavam imóveis até serem
conduzidos para o “curral”, construído à beira do rio.
Esse trabalho nos dias de hoje seria classificado
por biopirataria, pois esses “pescadores” ou traficantes de animais silvestres,
faziam essa pescaria para vender os animais para
comerciantes da região que os repassavam a outros comerciantes de centros
comerciais mais distantes. Interessante é que os registros de pesquisas somente
referem-se a comercialização dos animais, sendo que os ovos ficavam à mercê do
ataque dos predadores naturais como jacarés, aves de rapina e peixes grandes,
que além de consumir os ovos também ficavam à espreita para atacar os filhotes
que porventura conseguissem sair dos ovos remanescentes.
Quando o “boiadouro” não dava sinais de haver tartarugas em grande
quantidade, o pescador flechava um “capitari” que é o macho da espécie, fazia um
buraco na parte traseira do casco, onde amarrava uma linha comprida com um
anzol na ponta(arpoeira), e em seguida lançava o animal no “boiadouro”, sendo
que a linha ficava com a outra extremidade marrada no galho de uma árvore em
terra firme. Essa estratégia atraia as fêmeas que ali estivessem para cercar o
macho expondo-as à sanha do pescador que imediatamente caía nágua para
captura-las.
Para saber mais...........
Quelônios é
uma ordem de répteis caracterizada
pela presença de uma carapaça. Em alguns lugares são conhecidos também quelónios ou testudíneos.
Esse grupo está representado pelas tartarugas (as marinhas e as de água doce),
pelos cágados (de água doce) e pelas
tartarugas terrestres, também chamadas jabutis (no Brasil).
Esses animais apresentam
placas ósseas dérmicas, que se fundem originando uma carapaça dorsal e um
plastrão ventral rígidos, que protegem o corpo. As vértebras e costelas fundem-se
a essas estruturas. Os ossos da carapaça são recobertos por escudos córneos de
origem epidérmica. Não possuem dentes, mas apresentam lâminas córneas usadas
para arrancar pedaços de alimentos. São todos ovíparos.
O grupo tem cerca de 300
espécies, e ocupa habitats diversificados como os oceanos, rios ou florestas tropicais. Os
quelônios estão na lista dos maiores répteis do mundo.
A ordem subdivide-se nas
subordens Pleurodira e Cryptodira, conforme a
posição do pescoço quando a cabeça se encontra dentro da carapaça.
Nomenclatura
No Brasil, membros desta ordem
podem ser denominados jabutis, cágados ou tartarugas.
Os quelônios terrestres (que andam sobre a terra) são jabutis com patas grossas. Os
marinhos (água salgada) são tartarugas com nadadeiras em vez
de patas; e os de água doce, com pés palmados e carapaça hidrodinâmica, são
os cágados.
Em Portugal, o termo cágado é
exclusivamente utilizado para designar as duas espécies de tartarugas aquáticas
nativas do país - a Emys orbicularis e a Mauremys
leprosa, sendo o termo tartaruga utilizado para todas as espécies de
quelónios.
Entre as tartarugas domésticas
incluem-se as tartarugas da Florida, carnívoras. Estes seres caracterizam-se
por uma peculiar mancha vermelha lateral na sua cabeça. Relacionam-se
facilmente com humanos e tornaram-se, ao longo dos anos, um dos animais de
estimação mais populares. As espécies de tartarugas mais antigas já encontradas
datam de 215 milhões de anos.
Distribuição geográfica
Quelônios terrestres estão
presentes em quase todo o mundo, exceto em regiões polares, ou alpinas, sendo muito comuns em florestas tropicais. Já as aquáticas, estão
em todos os oceanos, exceto nos polares.
Hábitos
alimentares
Há inúmeras espécies de
tartarugas e há diferenças na dieta conforme a subordem. Muitas tartarugas são
herbívoras e algumas são onívoras (ou omnívoras), ou seja, comem de
tudo.
Alimento humano
Os ameríndios faziam grande uso das tartarugas, tracajás, jabutis e cágados como
alimento. Era e é comum na Amazônia peixes, tartarugas e tracajás
ficarem presos em lagos formados com a baixa das águas dos rios. As tartarugas
saiam e se dirigiam para o rio mais próximo. Por alguma razão os tracajás nela
permaneciam e os índios, para capturá-los, batiam na água com pedaços de pau
durante o dia. Os animais esperavam a noite para sair e eram facilmente
capturados.
Tartarugas eram facilmente
capturadas após a desova por índios
da Amazônia que simplesmente as viravam com o casco para baixo e depois as recolhiam
e as levavam à aldeia, colocando-as em currais previamente preparados.
Índios amazônicos montavam um
palanque dentro da água e lá ficavam observando o movimento das tartarugas.
Quando alguma se aproximava, mesmo estando bem no fundo, o índio mergulhava e a
dominava com as mãos. Os Otomaco da Venezuela também capturavam tartarugas
mergulhando na água.
Os Caibí do Mato Grosso consumiam o tracajá
(tartaruga amazônica que chega a pesar 12 kg) e seus ovos.
Cozinhavam os ovos, desta forma conservando-os por longo tempo.
Índios de algumas tribos
adoravam o jabuti com farofa. Removiam
os intestinos do animal através de um
buraco na parte ventral, através dele
introduziam farinha e colocavam o jabuti inteiro
para assar nas brasas.
Fontes:
- Wikipédia, a enciclopédia livre.
- OUTRAS HISTÓRIAS DO AMAZONAS – Contos Lendas e Narrativas -
Antonio Cantanhede
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