Esta nas
florestas, nos rios, nas reservas extrativistas, nas terras indígenas, nos
lagos das usinas, nas estações telegráficas, na história da construção da
ferrovia Madeira Mamoré, na história do Guaporé, na história do garimpo.
Um dos nossos maiores tesouros está nos
seringais mas a síndrome da miopia econômica não nos tem permitido utilizarmos
o seu potencial de geração de riquezas para a nossa economia. Os seringais são atrativos turísticos de
alto valor agregado. No nosso patrimônio econômico podem ser contabilizados como ativos intangíveis com
vocação para gerar negócios e atrair riquezas através do
empreendedorismo criativo.
Os seringais, com suas histórias, suas arquiteturas
e sua dinâmica de funcionamento, hoje despertam grande interesse turístico por
parte de pessoas que querem vivenciar experiências de outras pessoas ou de
empreendimentos.Isso na economia é o turismo experiencial que consiste na
visitação a propriedades para participar da lida, do manejo e do estilo de vida
dos habitantes.
E o seringal, diferente das demais estruturas
produtivas, tem um modo de manejo muito peculiar que atrai a curiosidade das
pessoas.Por isso, existem muitas pessoas que gostariam de cortar seringa junto
com o seringueiroàs quatro da manhã, participar da defumação, colher castanhas,
açaí, cupuaçu, pescar e observar a vida dos pássaros.E pagam bem por isso.
O seringal e as artes
cênicas
Por outro lado, os seringais tem também um grande potencial para gerar
empregos e renda que é através do teatro, do cinema e das quadrilhas. Eles foram
palco de uma das histórias mais dramáticas que a humanidade já viveu. A
história de um confinamento de jovens dentro de uma floresta brava, com bichos
perigosos, índios valentes e prontos para defender as suas terras e por último,
infestada de mosquitos, cobras, formigas venenosas e muitas doenças tropicais.
Nos sabemos que nos seringais aqueles jovens foram abandonados à
própria sorte, obrigados a trabalhar em condições sub-humanas, sem salário, sem
férias, e sem o direito mais sagrado de receber noticias das suas famílias. Ali
os seus sonhos foram enterrados, as suas aspirações foram apagadas e a sua
dignidade foi jogada no lixo. Os sonhos de sucesso que aqueles jovens
acalentaram quando saíram de suas casas viraram sonhos de terror.
Encarcerados na floresta amazônica, aqueles jovens foram obrigados a
aprender a se defender das adversidades, tiveram que matar para não morrer,
tiveram que suportar os seus sofrimentos em silêncio, dividir as suas angústias
consigo mesmos, tiveram que sufocar os seus sentimentos e a sua solidão, por
toda a vida. Esses trabalhadores foram condenados à injustiça oficialmente e à
miséria compulsoriamente.
Em função da experiência vivenciada por esses profissionais, os seringueiros
são ricos em saberes sobre sobrevivência na selva, caça, pesca, medicina,
engenharia, arquitetura, química, visto serem, pela natureza do seu oficio,
preferencialmente mateiros, caçadores e pescadores e curandeiros.Ensinam o
conceito de vida extrativista com impactos mínimos.
A sua história poderia muito bem estar sendo
contada pelo teatro e cinema e pelas quadrilhas que tem o poder de materializar
sonhos, explorando o aspecto emocional. Isso nos permitiria criarmos uma nova economia
criativa, gerando muitos empregos, renda e impostos.Ademais, o seringal agrega ainda
um valor muito diferenciado que é a marca Amazônia.
Vale salientar que quando nós comercializamos
o leite da seringa, a castanha, a madeira, a polpa do açaí, a polpa do cupuaçu,
o peixe, estamos comercializando os ativos tangíveis da nossa Amazônia. O
turismo, por outro lado, nos permite comercializar os ativos intangíveis pois é
uma economia mais duradourae, no caso dos seringueiros, representaria uma nova
renda para as famílias que depois de trabalharem por muitos anos hoje vivem em situação
de penúria.
Portanto, um dos nossos maiores tesouros está
no grande saber dos nossos seringueiros e na história deste ciclo da nossa
economia que foi a seringa. E a hora é propícia para vendermos este ativo
através do turismo experiencial.
Parabéns Mestre, precisamos dar a devida importância e explorar essa riqueza de modos que reflita na colorização dessa gente através do Turismo, grato pela sua dedicação! Parabéns!
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