A CRONICA DA VIDA
Olhando pela lente do calidoscópio
Professor Chagas – Porto Velho, 280819
A
nossa vida é uma viagem por estações coloridas: na estação da (infância), nós
captamos com muita intensidade as cores e os cheiros das flores, das águas, das
ruas, estradas, da chuva, das coisas, das pessoas. Tudo tem cheiro e cor bem
definido e bem fortes. Nossos sentidos, não só captam como retêm. Nos deleitamos
com o amadurecimento das frutas, das
folhas, das amêndoas, dos grãos, etc.
De
folhas de mangueiras construímos bois e cavalos; do melão São Caetano fazemos
bacurins; de caules de palmeiras fazemos cavalos e saímos a todo galope perseguindo
bois brabos imaginários; de pneus velhos fazemos carros de corrida e
exercitamos nossos músculos em apostas bem acirradas; nas chuvas fazemos
barragens, represando água e produzindo lagos.
Os
jovens de beira de rios brincam de pular dos galhos das árvores com muita
alegria e destreza, mergulhando nos rios e igarapés sem nenhum receio dos
perigos escondidos sob as águas. Os jovens da beira do mar começam a desafiar
as ondas, com destreza e coragem que só elas possuem. Os jovens do sertão
simulam perseguições a bois brabos, montados em cavalos imaginários, enfrentando
a caatinga entrelaçada de cipós e espinhos com bravura dos lutadores de bigas da Roma antiga.
Os
jovens índios manejam os seus arcos e flechas em caçadas de verdade pela
floresta, alheios aos perigos representados pelas onças, as serpentes, os
marimbondos e os porcos caititus.
Por
outro lado, os nossos hormônios que estimulam a coragem, a audácia, a
intrepidez, o desafio, o perigo afloram com toda intensidade. Nesta fase
adoramos viagens que nos deixam muitas lembranças das pessoas que conhecemos, dos
lugares por onde passamos, dos animais, das histórias que ouvimos e,
principalmente, dos cheiros e cores que ficam gravados na nossa caixinha de
imagens.
Nesta
fase o nosso calidoscópio
funciona em toda a sua plenitude e todas as cores brilham e reluzem
intensamente.
Na
estação da adolescência,
já como rapazes e moças, vemos a vida com cores azuis, roxas, pretas e amarelas.
Os banhos de chuva vão ficando para trás, as corridas de pneus e cavalos já não
têm importância, a caçada de passarinhos já não nos atrai mais, as folhas caem
amarelas e nós simplesmente passamos por cima, os cheiros já não são tão bem
captados pelo nosso olfato. O mundo começa a se nos apresentar em cores fracas e
sabores um pouquinho amargos, com
cobranças, recomendações, admoestações, críticas e reprimendas.
A
nossa memória começa a navegar por um campo nada colorido e muito menos
cheiroso. Os hormônios agora os impelem para a contestação, para os sonhos de
grandes realizações sem planejamento, para o isolamento, para a insatisfação e
a nossa libido aflora com força total e nenhum freio. Nesta fase o arco-iris,
que antes era contemplado como um mistério, agora já é uma chatice e é
explicado como um fenômeno meramente físico.
Os
jovens já não brincam mais de subir nas mangueiras para colher mangas maduras, já não se arriscam pulando
dos galhos das árvores no leito dos rios, já não imitam o canto do bem-te-vi,
nem se divertem destruindo casas de marimbondos; já não fazem barragens com
água de chuva, nem demonstram mais prazer em sair com os amigos para colher
jabuticaba.
Nesta
fase somos tomados por uma sensação de pressa, de urgência, de emergência e
sobretudo de autossuficiência. O corpo corre, o cérebro voa
e a nossa alma não controla mais a nossa ansiedade. Os pelos do nosso corpo aparecem
por todos os lados, a nossa voz muda de tom e o sexo se manifesta como que
dando uma nova razão para a vida.
Agora,
o apito do trem não tem mais magia, o campo de girassóis não encanta mais, a
revoada dos tuiuiús se torna quase imperceptível, a rara flor do mandacaru
nunca mais aparece e o cheiro da chuva de verão desaparece completamente. E
o nosso calidoscópio passa a enxergar o mundo de forma bem confusa.
Aí
vem a estação da vida adulta
e pronto. Não percebemos mais o
amarelamento das folhas, as flores perdem o perfume, as frutas não tem mais os sabores
de antes, o voo dos pássaros perde a graciosidade, as viagens ficam cansativas,
as festas populares transformam-se em preocupações. Tudo são responsabilidades,
preocupações, compromissos, que nos deixam sem sensibilidade para sentirmos os
cheiros, as cores, os sons, os ventos, e o que é pior, não percebemos mais a
presença dos beija-flores, que insistem em voar à nossa frente nos mostrando os
seus graciosos movimentos.
Não
percebemos mais os movimentos das nuvens ao formarem figuras imaginárias e que
se desfazem rapidamente; não vemos graça nenhuma nas crianças brincando de fazer
bolas de sabão; não jogamos mais petecas nem brincamos de esconde-esconde com
nossos filhos.
As
nossas preocupações se voltam para rendimentos e desempenhos: rendimento dos
investimentos; rendimentos do trabalho e desempenho profissional e sexual. A
nossa percepção não vai além do tato e do paladar. A audição começa ficar
limitada a ouvirmos somente o que nos interessa; a nossa visão a só enxergar no
nível material puro. Temos pressa em resolver tudo, em conseguir tudo, em
acumular tudo. Os nossos valores se concentram mais no “ter” e menos no “ser”. Os
filhos são o grande prazer mas concorrem conosco na aprovação das nossas
atitudes perante nossos pais visto que eles são netos e tem tratamento
diferenciado.
A
sensação que temos é que estamos sendo cobrados o tempo todo pelos mais velhos,
pelos patrões, pelo governo e principalmente pela sociedade da qual fazemos
parte e que o tempo está correndo muito rápido. Desejamos conquistar sucesso
profissional e reconhecimento perante a sociedade, mas é a fase em que somos
mais preconceituosos e críticos em relação aos outros. Exigimos que os outros
nos entendam e nos ajudem, mas pouco nos sensibilizamos com os problemas e
sofrimentos dos outros. Para nós, os outros são muito egoístas, mas não temos
coragem de dedicar um pouco do nosso tempo para brincar com uma criança ou ouvir
as histórias de um velho.
Nesta
fase os nossos cabelos caem, as rugas aparecem, a libido diminui, o coração que
antes batia por paixão agora quando bate, corremos ao cardiologista que
diagnostica taquicardia e risco de infarto. E nós que antes nos preocupávamos
com rendimentos e desempenhos, temos que nos preocupar também com o fator
aumento: aumento de colesterol, aumento da barriga, aumento da pressão
arterial, aumento da próstata e outros aumentos.
Nesta
fase, somos tão envolvidos nos compromissos que nem percebemos mais que temos
um calidoscópio.
Por
fim chega a estação da velhice,
onde diminuem as sensações do olfato, do paladar, da visão, da audição, do
tato, e sobrexistem as sensações de dores, cansaço, impaciência, esquecimentos, fraquezas, etc. Nesta
fase, o nosso caleidoscópio fica totalmente cinzento, apenas com lapsos de
lembranças das cores e cheiros que tanto apreciávamos na nossa primeira
infância.
Em
compensação temos guardados na nossa caixinha de viagem, muitas experiências,
saberes, conhecimentos para compartilharmos com os jovens que estão chegando.
Temos guardadas as lembranças das boas vivências e também das que não foram tão
boas; temos acima de tudo a serenidade que adquirimos com o tempo, a resignação
de que a vida não tem que ser corrida, não tem que ser voada, mas tem que ser
andada um passo de cada vez, uma estação em cada fase. Nesta fase o jovem lá de
trás descortina uma vida rica que ele construiu com a energia da infância, com
a despreocupação da adolescência, com a responsabilidade da fase adulta e com
os achaques da velhice.
Agora,
Deus nos presenteia com os filhos, com os netos, com os sobrinhos para
preencher a principal ansiedade da nossa alma; a busca de toda nossa vida,
carinho e amor verdadeiro.
Para
saber mais....
Caleidoscópio ou calidoscópio é
um aparelho óptico formado
por um pequeno tubo de cartão ou de metal, com pequenos fragmentos de vidro colorido, que, através do
reflexo da luz exterior em pequenos espelhos inclinados,
apresentam, a cada movimento, combinações variadas e agradáveis de efeito
visual.
O nome
"caleidoscópio" deriva das palavras gregas καλός (kalos), "belo, bonito",[1] είδος (eidos),
"imagem, figura",[2] e σκοπέω(skopeō), "olhar (para), observar".
História
O
caleidoscópio foi inventado na Inglaterra, em 1817 pelo físico escocês Dawid
Brewster (1781-1868).[5] Cerca de
doze ou dezesseis meses mais tarde ele despertava a admiração universal.
Afirma-se que o caleidoscópio já era conhecido no século XVII. Conta-se que, na
época, um rico francês adquiriu um caleidoscópio por 20.000 francos. Era feito
com pérolas e gemas preciosas ao invés de pedaços de vidro colorido. Durante
muito tempo o caleidoscópio foi um divertido brinquedo. Hoje é usado para
fornecer padrões de desenho. Inventou-se um dispositivo para fotografar as
formas do caleidoscópio, registrando assim, mecanicamente, os mais diversos
padrões ornamentais.
O
caleidoscópio de Brewster consistia em um tubo com pequenos fragmentos de vidro
colorido e três espelhos que formavam um ângulo de 45 a 60 graus entre si. Os
pedaços de vidro refletiam-se nos espelhos, cujos reflexos simétricos,
provocados pela passagem da luz, criavam a imagem em cores.
Atualmente o
caleidoscópio é formado por um pequeno tubo, no fundo do qual há pedaços
coloridos de vidro ou de outro material e três espelhos dispostos de tal forma
que, ao se movimentar o tubo, visualizam-se diferentes figuras coloridas em
imagens multiplicadas que se formam em arranjos simétricos. Estes
espelhos podem ser dispostos em ângulos diferentes: a 45°, cada um dos três
espelhos formava oito imagens duplicadas. A 60°, formava seis imagens e a 90°,
formava quatro imagens.
Fonte:
Wikipédia
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